A Agência Lusa noticia que, devido à “inépcia” da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o Alto Minho não pode agora concretizar 19 milhões de euros em investimentos candidatados ao QREN por terem sido suspensos pelo Governo. “Estamos a falar de investimentos em todos os concelhos que estão por aprovar há oito meses. Entretanto, temos a última resolução do conselho de ministros que suspende todas candidaturas que ainda não foram aprovadas”, afirmou Rui Solheiro, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM) que explicou que em causa estão diversas candidaturas apresentadas em Agosto à CCDR-N – autoridade de gestão dos fundos do QREN para a região Norte -, pelos municípios do distrito de Viana do Castelo.

 

 

Mas a notícia acaba por colocar socialistas contra socialistas uma vez que em Agosto a CCDR-N ainda era liderada por Carlos Lage, indicado pelo governo de José Sócrates com o apoio inequívoco de Rui Solheiro. Carlos Lages chegou mesmo a afirmar em Dezembro de 2011 que para a região Norte “a crise foi uma inoportunidade” e apelou a “uma tomada de consciência regional na sua dimensão política e cultural”. Na abertura do encontro anual para apresentação da aplicação do Programa Operacional Regional do Norte (ON.2), Carlos Lage disse que “a regeneração económica regional, após vários anos de investimento na modernização das suas infraestruturas e de reestruturação do seu tecido produtivo, parecia estar em curso, mas os misteriosos ciclos da actividade económica e financeira vieram apanhar a economia regional num momento em que parecia ressurgir”.

Além disso, esta guerra entre socialista não seria ainda mais notícia se não fosse a dúvida que existe sobre o termo que terá sido mesmo utilizado por Rui Solheiro: é que Inépcia significa falta de inteligência enquanto é a palavra Inércia que define passividade.

A juntar a tudo isto, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, esclareceu já que o Governo vai reorientar os fundos comunitários do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para o combate ao desemprego “em vez de usar o QREN para construir rotundas”, numa crítica que pode muito bem ser aplicada à forma como os investimentos foram feitos no Alto Minho nos últimos 20 anos.

“A maior parte dos fundos comunitários foi usada para um modelo de crescimento económico errado, baseado na ilusão de que o investimento público gera crescimento. O resultado foi o maior endividamento nacional dos últimos 160 anos”, argumentou Santos Pereira durante um debate na Assembleia da República sobre a execução do QREN, pedido pelo Partido Socialista.