O Cónego Amadeu Torres faleceu hoje (9 de fevereiro), tendo sido encontrado à entrada da Faculdade de Teologia, na porta de acesso pelo parque de escationamento.  O corpo estará em câmara ardente a partir de amanhã (10 de fevereiro) pelas 11h na Capela da Piedade na Sé Catedral de Braga. No fim da celebração eucarística das 8:30h, será transladado para a nave central da Catedral para a cerimónia fúnebre às 10h.

Natural de Vila de Punhe, Viana do Castelo, nasceu a 25 de Novembro de 1924 e ordenado presbítero a 2 de Junho de 1957 na Arquidiocese de Braga. A celebração exequial celebra-se no sábado (11 de fevereiro) pelas 10h na Sé Catedral, sendo depois transladado no fim da cerimónia para a igreja de Vila de Punhe (Viana do Castelo), com celebração exequial pelas 15h, indo depois a sepultar.

A obra mais polémica de Amadeu Torres foi encomendada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, aquando das comemorações dos 750 anos da atribuição do foral a Viana da Foz do Lima, e visou uma leitura parcial de uma epopeia poética acerca da figura de Caramuru.

 

 

Desde a sua publicação foram públicas as divergências que mantivemos sobre a alegada origem vianense de Diogo Alvarez (o Caramuru) que se fez passar por português mas é afinal natural da Galiza, como mais tarde se veio a confirmar por outras investigações.

De Amadeu Torres guardamos a correspondência privada que ambos trocamos e onde, depois de publicamente termos sido insultados em 3 artigos publicados por um sacerdote, o filósofo reconheceu afinal que tinha ido longe de mais e que se limitou a “ler” um texto, interpretando na sua vertente linguística. O que foi feito depois com a sua leitura só a alguns políticos caberá esclarecer porque Amadeu Torres não deixou escritas as suas memórias do tempo que viveu e durante o qual recebeu os mais altos prémios (o Estado Novo).

Na hora da partida, fica aqui o reconhecimento público pela obra poética que produziu.

 

 

Biografia:

Sacerdote, professor catedrático, poeta em vernáculo e em latim, escritor e linguista.

Frequentou os seminários de Braga, sendo ordenado sacerdote em 1957. Exerceu os cargos de oficial da Secretaria Arquiepiscopal, de assistente de Humanidades e de Filologia no Colégio Missionário das Franciscanas Missionárias de Maria, no Colégio Teresiano, no Sagrado Coração de Maria, no de D. Diogo de Sousa e ainda no Seminário Conciliar de Estudos Eclesiásticos e no Externato Liceal Bracara Augusta, do qual foi co-fundador. É capelão da igreja de Nossa Senhora da Penha de França e, actualmente, cónego da Sé de Braga.

Possui a licenciatura em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e a licenciatura e o doutoramento em Filologia Clássica pela Universidade de Lisboa. Fez o concurso para professor associado em 1985 e o de agregação para catedrático em 1988, na área de Linguística. É professor catedrático da Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Filosofia de Braga), onde é responsável, desde há quase trinta anos, pelas cadeiras de Sintaxe e Semântica do Português e História da Língua Portuguesa, e professor catedrático convidado da Universidade do Minho, onde já leccionou Fonética e Morfologia do Português e História da Língua Portuguesa e regeu, desde 1978 até 1995, a cadeira de Sintaxe e Semântica do Português. Em ambas as Universidades, no curso de mestrado, lecciona a cadeira de Crítica Textual e Ecdótica. Frequentou diversos cursos complementares, sendo de salientar, em 1970 e 1972, o de Pedagogia, Gramática e Linguística e o de Língua e Literatura Francesa, respectivamente, nos cursos de verão da Sorbonne e do Instituto Católico de Paris; em 1975 e 1976, o de Lingüística e Computador e o de Linguística e Informática, no CETEDOC da Universidade de Lovaina; em 1977, o de Estatística Linguística, na Universidade de Estrasburgo; em 1986, o de Linguística e Gramática, na Universidade de Lille III; em 1989, o de Introdução à Micro-Informática, na Universidade do Minho.

É autor de muitas poesias dispersas por folhas literárias e outras publicações do género, utilizando, por vezes, o pseudónimo Castro Gil, sendo de assinalar a sua intensa colaboração com trabalhos universitários e literários reveladores de grande erudição e cultura, em revistas como: Revista Portuguesa de Filosofia, Theologia, Humanitas, Euphrosyne, Diacrítica, Biblos, Didaskalia, Arquivos do Centro Cultural Português (Paris), Confluência (Rio de Janeiro), Anais (Academia Portuguesa de História), Revista Portuguesa de Humanidades, Anais (Academia das Ciências de Lisboa), Revista Portuguesa de Educação, Nova Renascença, Itinerarium, Hermes Americanus (USA), Bracara Augusta, Cenáculo, etc.; e em jornais, entre eles, Novidades, O Comércio do Porto, Diário do Minho, Correio do Minho, Notícias de Viana, A Aurora do Lima, A Voz, Época, Diário Ilustrado, etc. Da sua carreira literária e como investigador, ressaltam o Prémio Nacional em poesia heróica nos jogos florais da Emissora Nacional em 1948, com o poema O Sonho de Um Castelo; o Prémio Laranjo Coelho da Academia das Ciências de Lisboa, concedido em 1984 à sua tese de doutoramento; e o Prémio Calouste Gulbenkian da Academia Portuguesa de História, outorgado em 1996 à sua edição da Gramática Filosófica da Língua Portuguesa. Tem participado em muitos congressos no país e no estrangeiro e é membro de numerosas instituições de Portugal, França, Bélgica, Estados Unidos, Suíça e Itália.